Apontamento 2 :  o ESPÍRITO 


                                 Ao longo do tempo de convívio com as pessoas e até em função de equívocos que são cometidos em muitas obras ocultistas e espiritualistas tem se cometido um engano no emprego dos termos Espírito e Alma, quase sempre apresentados como sinônimos ou um substituindo o outro como se uma e a mesma coisa fossem, porém isso está errado.  Trata-se de duas coisas completamente diferentes e independentes.
                                 O Espírito é um dos corpos que constituem o homem.  É o Espírito que aprende, erra, sente, sofre, se alegra, enfim, é o Espírito o depositário do nosso Ego e da nossa personalidade.  Personalidade vem de persona, que é como os gregos chamavam as máscaras que usavam nas peças de teatro.  Assim, a personalidade é a máscara do espírito, ou seja, é a sua fachada.
                                Já a Alma nada tem a ver com nossas experiências sensoriais.  A Alma é uma centelha divina que o Poder Maior nos concedeu para nos permitir a vida.  Todas as coisas vivas tem uma fagulha do Fogo Cósmico, um pedacinho de Deus se assim quiserem chamar, enfim, uma partícula da divindade, como se fosse uma bateria que nos mantém vivos.  Por ocasião da morte do corpo físico essa partícula retorna à sua origem, ou seja, volta para Deus, enquanto que o Espírito tem outro destino.
                                O Espírito, após a morte do corpo físico, pode aceitar sua situação, se submeter à Lei e então se tornar Espírito propriamente dito ou então se recusar a essa submissão e permanecer na Terra na condição de desencarnado, que é um estado que para ele será semelhante ao de um pavoroso pesadelo do qual não consegue acordar.
                                Então, para que fique bastante claro e para desfazer equívocos, é o Espírito que está sujeito à evolução e não a Alma, sobre a qual não pesa nenhum outro dever senão o de dar testemunho à concessão da vida que recebemos do Poder Maior.  Não é por outra razão que inclusive na Bíblia é dito que quando Deus deu o sopro da vida nas narinas do homem este passou a ser Alma vivente. Aliás, em Gênesis, capítulo 1, versículo 20 Deus concede Alma vivente aos animais que criou. E no capítulo 2, versículo 7 é o homem que é tornado Alma vivente. 
                                Assim, é o Espírito que tem o dever de buscar a evolução, é ele quem aprende.  O Espírito é quem tem todas as experiências advindas do corpo físico, que nesse ínterim nada mais é do que seu invólucro, sua armadura, para lhe possibilitar agir no plano físico.
                                Nesse sentido, o Espírito é que é a nossa essência, pois que o corpo físico não é o que realmente somos. O corpo físico é meramente uma ferramenta necessária às ações do Espírito na matéria e nada mais do que isso. Infelizmente a nossa sociedade se converteu ao materialismo e inverteu um pouco esses conceitos, de maneira que somos ensinados que é a matéria que tem importância e que devemos ter esse culto ao físico e ao material, enquanto que essas coisas que tem a ver com Espírito ficam no campo da religião e da supertição.
                                 Do mesmo jeito que não podemos negligenciar aos cuidados devidos ao corpo físico também não podemos deixar de dar os cuidados adequados ao Espírito.  Os estados espirituais pelos quais passamos ao longo do dia vão se refletindo no corpo físico através da aura, que exerce uma função semelhante à exercida pela atmosfera do planeta.  Na aura se encontrarão as emanações geradas pelo espírito em decorrência das experiências pelas quais vai passando.  Assim, pelo exame da aura se pode ver a saúde do Espírito que a está gerando, de maneira que esses estados espirituais podem determinar até doenças no corpo físico, e por essa razão tem-se de dar cuidados ao nosso Espírito também.
                                  Aqui me refiro a cultivar a espiritualidade. Nesse caso a prática da oração exerce um papel determinante porque esse cultivo da espiritualidade pode ensejar uma aproximação do Espírito com a Alma, que significa aproximar-se de Deus.
                                  Mas se pode cultivar a espiritualidade sem necessariamente ser religioso.  Muitas pessoas vêem na religião algo pernicioso, algo como uma limitação, especialmente em religiões em que as pessoas se envolvem demais e ficam aprisionadas nos dogmas dali.  Então, cultivar a espiritualidade não é sinônimo de aderir a alguma religião, embora isso, em certa medida, até seja desejável. A espiritualidade é uma atitude íntima, pessoal de cada um de nós, é a nossa maneira de nos relacionarmos com o Poder Maior.  E para nos relacionarmos com o Poder Maior não precisamos freqüentar templos, já que Ele pode ser cultuado nesse templo interior que é o Espírito.
                                   No cultivo da espiritualidade a prática da oração é imprescindível.
                                   A oração a que me refiro não é necessariamente aquela das fórmulas populares, ladainhas e receitas já consagradas. Me refiro à oração na qual se busca uma comunicação com a transcendentalidade, com Deus, com o Universo, com o Poder Maior. As palavras usadas saem do coração, e tudo transcorre aos moldes de uma conversa que se estaria tendo com alguém. É conversar com Deus.
                                    

O Homem é um ser dual, portanto não pode  (ou ao menos não deveria) privilegiar nenhum dos seus aspectos em especial, ou seja, não deveria contemplar um em detrimento do outro.  Busca-se o Homem Integral, mas esse homem integral é aquele que está equalizado de corpo e espírito.  Atualmente todos os apelos do mundo são no sentido de privilegiar a matéria, e nisto está um erro muito grande e de difícil conserto posterior. Do mesmo modo que o corpo necessita do espírito, também o espírito necessita do corpo, mas não se pode dar a um deles uma importância maior do que a que se tenha dado ao outro pois isso gera um desequilíbrio que eventualmente vai cobrar seu preço, sempre alto. Existem as coisas pertinentes ao corpo e também as do do espírito.  Existem os prazeres da carne e também existe o gôzo do espírito, mas quando o homem se entrega a um e menospreza o outro ocorre um desequilíbrio que atrasa  a sua evolução.

 

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