Mago Daniel - Ensinamentos 2

Um Mago muito poderoso havia se tornado eremita, e foi morar em uma cabana isolada nas montanhas. Um dia recebeu a visita de um Amigo que já não via desde que foi morar na montanha vários anos atrás. Acolheu este Amigo, e no dia seguinte, quando o Amigo ia embora, o Mago quis dar-lhe um presente: usou sua magia, e tocou com o dedo em um jarro de porcelana, que imediatamente se transformou em ouro, e ofereceu-o ao Amigo. Este, parecendo insatisfeito, olhou com certo desdém. O Mago então tocou com o dedo em uma grande pedra que havia do lado de fora da cabana e ela também se transformou em ouro, e a ofereceu ao Amigo. Como ele ainda parecia insatisfeito, o Mago lhe disse:

Eu não tenho Poder, tenho o Conhecimento, e quem lhes diga que tem Poder está mentindo. O Mago aprende a pôr em movimento Forças que estão presentes em tudo mas que requerem uma "chave" que as aciona, e essa chave é o Conhecimento.

Magos tem grande interesse em estudar as Leis que põe essas Forças em movimento, e esse tipo de interesse não é comum às bruxas e aos feiticeiros que normalmente restringem seus interesses aos resultados de suas operações, não se importando com a "mecânica" dessas operações. Especifiquei "bruxas e feiticeiros" porque, diferentemente do que é comum se pensar, não existe o bruxo. Existe a figura da bruxa apenas, porque a Bruxaria é eminentemente feminina, mas os praticantes masculinos são feiticeiros, nunca bruxos. Aquele que se diz 'bruxo' está equivocado ou equivocando.

Continuando, o Poder está pulverizado em tudo, e pode ser posto em operação de acordo com o interesse do magista desde que ele tenha usado a forma correta de acionar esse Poder, e o faz através do Conhecimento. Normalmente isso será feito através de rituais, mas ao atingir um determinado grau de desenvolvimento o Mago não mais precisará de rituais nem instrumentos para sua realização, e descobre maneiras puramente mentais de atingir os mesmos resultados. A utilização de instrumentos é necessária na medida em que ela serve como canalizadora da energia e concentração do Mago, fundamental no processo mágico. Com o passar do tempo e a aquisição de experiência esse Mago não mais necessita de acessórios.

E quantas e quantas vezes não é exatamente isso que acontece nas nossas vidas, quando depositamos nossas esperanças de solução de nossos problemas em fatores externos quando a solução desses problemas está dentro de nós mesmos, requerendo apenas uma atitude mental ? Quantos de nós já não passaram pela situação de achar que um problema X estava acima das nossas forças e surpreendemos a nós mesmos resolvendo-o de maneira talvez até melhor do que aquela que achávamos que seria encontrada apenas fora de nós ?

Com a atitude mental correta podemos modificar a nossa realidade. Mas não devemos tentar NUNCA mudar a realidade alheia pois que isso se constitui em interferência no livre-arbítrio, cuja observância é sagrada para os Magos, e é diretriz básica do Código de Ética. Apenas os pretensos magistas não respeitam a mais elementar das regras mágicas e não vêem mal algum em interferir no destino das pessoas usando magia ou atitude mental. Por certo haverá um preço a pagar, pois ninguém lida com a magia impunemente.

Tem-se que ter em mente que há diferenciações: rezar pela paz mundial não é interferência no livre-arbítrio do mundo, porque somos parte desse planeta. Mas rezar pedindo que determinada pessoa se apaixone por nós, ou, pior ainda, realizar magias em nome disto, isto é reprovável, é interferência no livre-arbítrio, além de se constituir em Magia Negra, embora os praticantes dessas abominações lhes dêem o singelo nome de "magia simpática" , "magia de amor" , ou simplesmente "simpatias" . Visar escravizar alguém mediante magia , buscando anular-lhe o livre-arbítrio e a Vontade é Magia Negra e não há nem o que discutir.

A nossa realidade, mental, física e espiritual pode ser modificada se esse for o nosso desejo. Tudo começa por uma atitude positiva, com relação a nós mesmos, inicialmente, e em relação ao que nos cerca. Há uma tendência de materialização física dos nossos desejos, tanto maior for a intensidade do desejo, e é por esta razão que as pessoas notoriamente negativas estão sempre em situação deprimente.