A palavra ÉTICA tem duas origens, ambas do grego.  Nas duas origens a grafia é a mesma, e se escreve ETHOS, mas há uma radical diferença na pronúncia, pois que na primeira se diz  éthos, que significa hábito, costume  e na segunda origem se diz êthos, que se refere ao caráter.  Ambas servem ao propósito deste capítulo.

                                           Vamos aludir à Ética não apenas como comportamento mas também como o caráter desse comportamento, ou seja, aqui teremos a Ética também enquanto adjetivo.

                                            A Ética a que nos atemos neste capítulo é o comportamento CORRETO dos Ser Humano. Mas correto em relação a que ? Então vamos ver o seguinte :  se perguntam a você  "Você é ético ?"  a tendência natural é responder que sim, mas na verdade a própria pessoa não pode definir se é pessoa ética ou não pois essa avaliação compete unicamente aos outros do seu em torno. Significa que não cabe auto-avaliação no quesito Ética, pois o nosso comportamento gera consequências aos outros e somente esses, que experimentam essas consequências, é que podem dizer algo sobre a nossa ética.

                                            Convenhamos que se assim não fosse qualquer patife se diria pessoa ética se analisado por seus próprios critérios de avaliação.  Um político corrupto poderia se julgar ético por seus critérios capengas alegando que o dinheiro sujo que recebe não é roubado e sim fruto de uma negociação e nisso ele não vê falta de ética já que, segundo ele, ninguém é diretamente prejudicado.

                                            

Ter ética é ter um senso de justiça íntima. É ter ao menos a noção de certo e errado e evitar o que é errado.



                                            Muitas organizações, inclusive a nossa Ordem, tem o seu Código de Ética, que é um conjunto de postulados, orientações, procedimentos e até a previsão de eventuais punições nos casos de infrações.  A bem da verdade, um tal Código é apenas o registro escrito de algo que supõem-se e espera-se que já seja parte inerente da pessoa em questão.

                                            Na nossa Ordem há o FLAMMENS  LITTERA  ARGANTIA  MAGNA  DOUTRINAE ( Letra de Fogo da Alta Doutrina de Arganthus)  que também é referido como  REGULA MAXIMA.  Ele se subdivide em outros livros, sendo um deles o  SERPENS  FERRUM  DOUTRINAE que são as Doutrinas da Cobra de Ferro (Livro dos Preceitos da Ordem) e também o  CODEX  ARGANTINORUM,  sendo esse o Código de Ética da Ordem.  Ali se encontra todo um apanhado geral do comportamento que se espera e que deva ter um Iniciado desta Ordem, tudo pautado na Ética que tem de ser inerente ao indivíduo, tanto enquanto Iniciado quanto Ser Humano.  Seria uma idéia geral do ideal de comportamento e conduta que deveria ser constante aos membros de qualquer sociedade dita civilizada, mas como não temos a pretensão de doutrinar o mundo, o Código serve de baliza apenas aos membros da Ordem e aos que com ela se identificam.  E as ditas Ordens da sociedade civil também tem o seu Código de Ética, tal como ocorre aos advogados, médicos, engenheiros, etc.  Existe um Código escrito mas espera-se que o indivíduo já tenha dentro de si as noções de ética e moralidade mínimas para um convívio social.

                                                Assim temos que Ética, para fins desse capítulo, é a noção de limite e senso de empatia que temos de ter para com o próximo, ou, simplesmente, o velho  "não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam" .  Quadro explicativo :

 

Noção de limite : percepção da limitação de nossos atos em relação aos outros, de maneira que sabemos o que podemos e não podemos fazer. É estar ciente de que não temos a liberdade de fazer tudo o que queremos e que um excesso de nossa parte vai prejudicar a outros.  É ter clara idéia de que a nossa vontade não pode se impor à revelia daqueles que nos cercam pois temos direitos, deveremos e também limites que devem ser respeitados.  Tudo isso se aplica tanto às nossas relações pessoais quanto à nossa conduta quanto ao convívio dentro da sociedade em que estejamos inseridos.
Senso de empatia : é a capacidade de se colocar no lugar do próximo e tentar perceber o efeito de nossas atitudes.  É conseguir perceber ou chegar o mais próximo possível do que seriam os sentimentos de outra pessoa e ter idéia se essa ou aquela atitude seria ou não prejudicial aos que nos cercam. Nos colocamos no lugar da outra pessoa e tentamos sentir o que ela estaria sentindo, e dessa atitude pautamos a ação, ou seja, esse procedimento deve ser observado ANTES de determinadas atitudes, para entendermos como aquilo poderia afetar o próximo.  Se as considerações forem feitas apenas depois do ato, já não se trata de empatia e sim em contabilização dos prejuízos advindos da ação já praticada.



                                                              Nas nossas relações pessoais uma das piores coisas que podem nos ocorrer seria a chamada quebra de confiança, quando alguém da nossa intimidade faz algo que seja reprovável em relação a nós.  Disso advém a decepção e outras sensações que seria melhor não precisar experimentar, tudo em decorrência da atitude de alguém que muito provavelmente não tinha noção de nenhum dos dois itens listados acima no quadro demonstrativo.  Muitas vezes aquele que comete a falta tem a possibilidade de tentar corrigí-la mas dada a natureza humana isso tem sido cada vez mais incomum. Toda quebra de confiança é atitude que denota falta de ética.

                                                              Nunca podemos perder de vista a noção de conduta e de moralidade, que devemos observar mesmo que não exista um Código escrito nos dizendo que devemos ter essa noção.  Toda pessoa que pretenda ser cidadão correto tem de ter uma postura ética não só perante os outros como perante si mesmo.

 

  Não basta dizer  "Eu sou ético".  Há distância entre intenção e gesto.  É preciso mostrar por atos se de fato somos éticos.

 

 

 

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