Aqui presto a minha humilde homenagem a este grande Mestre da Magia, este doutrinador do Sanctum
Regnum, o grande
Eliphas Levi, a maior autoridade em Ocultismo
no século XIX.
Assinava como Eliphas Levi Zahed, que é a tradução hebraica de seu
verdadeiro nome, que era Alphonse Louis Constant. Nasceu em
Paris, no dia 08 de Fevereiro de 1810 e faleceu em 31 de Maio de 1875.
Antes de mais nada me parece adequado acrescentar que Eliphas Lévi não era um
Mago, como muitos poderiam pensar. Mago não é um título que pudesse ser
auto-conferido ou conferido por qualquer agremiação. Trata-se de um
título conquistado através de estudo ao longo de anos no discipulado de uma
Ordem Ancestral. Outras instituições iniciáticas, legítimas, que não
sejam Ordens Ancestrais podem ter seus Iniciados, Mestres, Preceptores, etc.,
mas Mago é título que só as Ordens Ancestrais podem conferir.
Obviamente sempre haverá contestação, normalmente vinda de pessoas não
habilitadas a discutir tais temas por não estarem devidamente ligadas a uma
instituição iniciática reconhecidamente séria. O vulgo sempre acha que
Mago é um título que qualquer seita pode conferir, até via internet, como
seguidamente se pode encontrar. Então alguém que tenha pago algumas
mensalidades, e feito uma auto-iniciação de 30 minutos em casa após o que lhe
foi dito que agora se tornou Mago, ao ler o que acabo de escrever tem como
primeira reação contestar, o que é natural para ele, em se tratando de um
néscio que achou que a grandeza de um tal título seja coisa banal e negociada
como se fosse mercadoria de compra e venda.
Lévi tinha contatos e até amizade com ocultistas de escol, alguns dos quais
eram ligados a instituições iniciáticas e se não foi um Mago quer me parecer
muito mais por vontade própria do que por algum impedimento. Ele sabia o peso
que essa investidura acarreta e talvez tenha optado por não ser um Mago,
mantendo-se como estudioso, teórico e erudito das Ciências Ocultas. É
preciso compreender que nem toda pessoa que se aprofunda nos estudo do Ocultismo
está desejando iniciações e galgar títulos. E sempre é importante
acrescentar que o fato de não ter sido um Mago não tira absolutamente nada do
brilho de sua monumental obra. Certamente poderia ter sido, se fosse seu desejo
ser um Mago.
As pessoas normalmente me perguntam o que lhes recomendo para
ingressarem no estudo da Magia. Para mim o ideal seria aconselhá-las a não
ingressar porque o fardo será pesado caso o estudo evolua e se torne uma busca
espiritual, e sei que muitas pessoas estão buscando
apenas um passatempo ou, pior, buscando "poderes" . A esses já
aprendi que não adiantará tentar explicar que nós, Magos, não temos
"poderes" , temos o Conhecimento apenas.
Mas muitos são buscadores sérios e eles pedem sinceramente um início de
caminho, e nesses casos eu não hesito em lhes recomendar as obras completas de
Eliphas Levi, assim como as de Papus. Dou uma ênfase especial às obras
de Levi porque as considero mais completas e capazes de responder a muitas
dúvidas dos novos buscadores.
Na Ordem de Arganthus as obras de Levi são leitura obrigatória, dentre muitas
obras que estudamos muito detalhadamente.
Eliphas Levi tem 3 obras fundamentais, que são: A
HISTÓRIA DA MAGIA , DOGMA E RITUAL DA
ALTA MAGIA e A CHAVE DOS GRANDES MISTÉRIOS.
Tem outras, mas essas são as que considero mais expressivas.
Ele escreve de forma bastante clara, porque sabia que na época em que
escreveu (século 19) eram poucas as pessoas que conheciam Magia, e a
intenção desse grande erudito em assuntos mágicos era popularizar a Arte naquele momento de grande
preconceito aos magistas, sempre confundidos com charlatões e feiticeiros
vulgares.
Obras extremamente esclarecedoras e muito valiosas inclusive para os magistas de
hoje, porque suas revelações são sempre atuais.
Muitas afirmações verdadeiras que ele faz em suas obras são contestadas por
quem se sente atingido por elas.
Por exemplo, aqueles a quem chamamos de bruxolóides , pink-wiccans, pseudo-bruxas
e falsos-magos detestam
certas passagens do DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA,
como este trecho, da página 73 :
" Há uma verdadeira e uma falsa ciência, uma magia
divina e uma magia infernal, isto é, mentirosa e tenebrosa ; temos que revelar
uma e desvendar outra ; temos de distinguir o mago do feiticeiro e o
adepto do charlatão.
" O mago dispõe de uma força que conhece, o feiticeiro procura abusar do
que ignora.
" O diabo - se é permitido num livro de ciência empregar esta palavra
desacreditada e vulgar - o diabo se dá ao mago e o feiticeiro se dá ao
diabo.
" O mago é o soberano pontífice da natureza, o feiticeiro não passa de
um profanador.
" O feiticeiro é para o mago o que o superticioso e o fanático são para
o homem verdadeiramente religioso. "
Certamente que aqueles que são comprometidos com essa falsa ciência, o
charlatanismo e com a supertição fanática se sentem diretamente atingidos por
tais afirmações, e em função disto essas pessoas sempre procuram
desacreditar as obras desse grande estudioso, rotulando-a de
"católica" ou de "cristã" . Essas pessoas
costumam se considerar pagãs, mas provavelmente são de um tipo mutante que é
pagão só nos dias úteis pois aos Domingos vão à missa onde se tornam
eficientes papa-hóstias e é comum que muitos desse tipo se manifestem
devotos de santos da Igreja Católica, mas entre outros supostos pagãos
manifestam desaprovação ao catolicismo, e vice-versa. Mas na verdade
esses não são nem uma coisa nem outra.
Para que o estudante compreenda a obra de Eliphas Levi se torna necessário ter
conhecimentos de Cabala e, principalmente, de Tarô, pois o pensamento de Levi
está muito alicerçado nesses dois pilares. Uma rápida leitura em algumas
páginas dessas obras já deixará bastante claro que o autor é muito íntimo
desses dois temas. Na verdade, Lévi recebia aulas e instruções de rabinos
cabalistas e portanto era profundo conhecedor da Cabala.
A quem deseje se aprofundar no Ocultismo, no esoterismo mágico a que Levi
denominava Sanctum Regnum considero o estudo profundo de suas obras essencial.
É preciso que se separe o joio do trigo. Estudar Levi pode muitas vezes ser
maçante mas é imprescindível ao Buscador sincero. Nenhum falso buscador se
submeteria ao estudo dedicado das obras desse excelente magista.
O Buscador sincero busca a Verdade ; o falso buscador busca apenas um meio de
impressionar e enganar os incautos, e por esta razão o estudo dessas obras não
é tarefa para quem busca apenas as aparências de magista. Para esses basta a
leitura superficial de obras de pseudo-magistas, uma leitura superficial como
eles próprios são também superficiais.