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neste capítulo explicarei
ao leitor o que é, como atua e os efeitos daquilo a que convencionou-se
chamar de "maldições". Inicialmente, temos de compreender o
significado desta palavra.
No meu livro SUMMA TEÚRGICA eu
apresento a definição para este termo, na seguinte forma : "Maldição,
palavra originária do latim, é composta por outras duas palavras, que
são male + dictione,
que, traduzindo, significam "dizer mal" , ou,
"maldizer". Mas eu apresento uma definição complementar, do
ponto de vista mágico, e ao termo "maldição" defino
como "fazer mal usando a palavra" , ou "usar o poder
do Verbo para praticar o Mal". Assim, a maldição nada mais é que a
utilização da palavra para tentar causar dano, prejuízo e malefício a alguém."
(Summa Teurgica - capítulo das Definições).
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Desnecessário dizer que a maldição pura e
simples é um ato deliberado de prática da Goécia. Atente, leitor, para
o fato de que mencionei o termo "pura e simples", pois que aos
Iniciados é concedido o poder de amaldiçoar em ocasiões bastante
peculiares, sem que isso se constitua em ato de Magia Negra. Para melhor
explicar, tomaremos o exemplo do que ocorre com os padres : da mesma forma
que o padre benze ele também pode amaldiçoar (excomungar). A ele foram
ensinados os meios e dada a autoridade para faze-lo, porém ele o fará apenas
em situações muito específicas. Assim, deve ficar claro que a mesma
mão que abençoa também amaldiçoa, embora esse último seja um recurso
raramente utilizado. Os Iniciados das Ordens também receberam essa
autoridade na sua Investidura, que foi confirmada na Ordenação. Não
explanarei a respeito das circunstâncias em que o Iniciado pode fazer uso
destas práticas porque isso envolve situações muito raras e muito peculiares
que não fazem parte do modus vivendi dos profanos, razão pela
qual seria um despropósito nos desviarmos do assunto para tratar dessas
situações anômalas.
Mas o propósito deste capítulo é discorrer sobre a maldição enquanto arma
nas mãos dos profanos.
Popularmente não se diz "amaldiçoar". Usa-se um termo
equivalente, que certamente o leitor já conhece, e que convencionou-se chamar
de "rogar pragas".
Um desafeto seu faz algo que na sua opinião não devia ter feito e você, em
estado colérico, dirá algo do tipo "tomara
que morra". Significa que você está nutrindo um desejo
de destruição em relação àquela pessoa e projeta esse desejo no astral,
porque nessas ocasiões a pessoa que roga a praga inclusive imagina a cena de
seu desejo se realizando. Ou seja, ela jogou para o cosmos a sua
intenção em relação a outrem.
Eu sublinhei o termo "estado colérico" porque o desejo
verbalizado não tem força de maldição se não estiver acompanhado pelo que a
nossa Ordem chama de "intenção mágica" e também de
"agente condutor". Esse estado colérico possibilita isso.
Ao longo de minhas palestras já foi explicado que um dos segredos da Magia é
saber desejar intensamente da maneira correta. Existe toda uma longa
disciplina que ensina isso mas às vezes mesmo um profano pode obter tais
resultados danosos porque entre as pessoas é muito mais fácil conseguir gerar
um estado de rancor e conflito do que de paz e amizade.
O que foi relatado até aqui, leitor amigo, é o "quick mode"
das maldições profanas, mas existe uma outra categoria de maldições que é
mais lenta e por isso muito mais danosa. Isso é feito através de uma
concentração profunda, regular, constante, paulatina e firme na intenção
mágica de causar dano, sem que seja preciso um estado colérico como
condutor. Lança-se uma maldição a partir de uma sessão de meditação
transcendental, como se a pessoa estivesse nutrindo uma forma-pensamento.
A questão é que essa forma em particular de se lançar uma maldição
também recai sobre o seu criador, que acabará sentindo alguns de seus
efeitos. É como se você quisesse jogar uma colméia em cima de um
inimigo para que as abelhas o ataquem : você fica segurando a
colméia esperando ele passar debaixo da árvore mas por causa da sua
proximidade com as abelhas é de se esperar que você acabe levando algumas
ferroadas também.
Seja da primeira ou da segunda forma, o fato é que amaldiçoar cria um laço
com a vítima, uma espécie de elo psíquico, que equivale a dizer que ao
amaldiçoar você vai é estar em sintonia com a pessoa que você pretende
prejudicar, porque o desejo ao ser projetado no astral estabelece um elo de
ligação psíquica que vai do emissor ao receptor e vice-versa.
Às vezes a sabedoria popular é surpreendente, porque mesmo que ela não saiba
dar as explicações ela ao menos observa corretamente. Por exemplo,
diz a sabedoria popular que não se deve rogar pragas porque a praga é
dividida. Mesmo sem saber dizer a razão, ela observou que é comum que
uma pessoa que deseja determinado mal a alguém acaba levando também alguns dos
efeitos. É por exemplo você amaldiçoar alguém de uma forma violenta, pedindo
que essa pessoa morra e de um jeito horrível (porque segundo o seu entendimento
ela merece morrer desse jeito), e acaba ocorrendo um acidente pavoroso onde de
fato essa pessoa veio a morrer de uma maneira violenta, estúpida e muito
cruel. Só que logo a seguir foi a sua vez, onde você também se envolveu
em um outro acidente que lhe deixou paraplégico para sempre, a você ou a um
ente querido.
Acredite, leitor, isso é algo que de fato acontece, talvez com mais frequência
do que se supõe, pois há muitos níveis de maldição.
Por essa razão é que o profano jamais deve lançar mão desse tipo de recurso,
pois desencadeia forças que ele não sabe como controlar. Trata-se de um ato
mágico que só deve ser levado a efeito por Iniciados. Assim como
um profano não sabe como abençoar também não deve tentar amaldiçoar.
É que a diferença está no fato de que tentativas de abençoar não vão gerar
nenhum evento contra ninguém, ao passo que tentativas de amaldiçoar poderão
gerar resultados que, pela inexperiência, imperícia e falta de autorização
farão com que parte dos efeitos recaiam sobre o emissor.
E por mais incrível que possa parecer já encontrei uma pessoa que chegou
a um requinte de ódio tão grande contra um desafeto que me disse que está
ciente de todas essas explicações mas que desde que o tal desafeto tenha um
fim horrível ela não se importa com o que possa sobrar para ela também. Claro
que uma pessoa que chega a esse ponto está obviamente perturbada com essa
obsessão de destruir outra pessoa, e situações assim chegam às raias da
psicopatia.
Para que não reste nenhuma dúvida : rogar pragas, amaldiçoar ou seja o
nome que se queira dar, isso não condiz com o buscador sincero, que sabe que
não pode lidar com a Involução, e ocorre que a maldição é um ato de Magia
Negra na medida em que visa interferir na energia de outra pessoa.