PALESTRA  7

Amigos, no nosso "Conversando com o Mago" de hoje falaremos da Intolerância religiosa.

A mim esse termos é auto-excludente, porque se é intolerância não poderia ser religiosa, e se é religiosa não poderia ser intolerante.

Vemos muito dessa intolerância quando uma religião chega ao poder político.

Na TV assistimos, por exemplo, que na Irlanda estava tudo pronto para um processo de paz mas os protestantes e os católicos não chegaram a um acordo sobre uns detalhes e então a luta entre eles continua.

Esse tipo de aberração acontece quando um grupo diz ao outro que "o meu Deus é melhor e mais poderoso do que o seu " .

No Irã existe até uma policia religiosa, que anda pelas ruas com chicotes, e em caso de flagrarem alguma transgressão religiosa eles aplicam o castigo ali mesmo. Em Teerã se pode ver pessoas sendo chicoteadas nas ruas.

Na minha opinião a solução para isso só será encontrada quando se retirar a religião de dentro do Estado. Só a laicização do Estado vai acabar com isso. Todo Estado tem de ser laico.

Aqui no Brasil nós temos um caso interessante. Na Constituição temos que o Estado brasileiro é laico. Mas no entanto temos feriados nacionais em honra a santos católicos, e vemos também, quando alguma imagem sacra de algum santo vem ao Brasil, há escoltas das Forças Armadas. Se vemos algum feriado religioso, logo vemos imagens de santos sendo levadas em carros de bombeiros. Um dia eu vi a imagem de N.S. Aparecida desfilar em cima de um carro de combate do Exército. Por aí eu concluo que o Brasil é um Estado laico apenas no papel, pois na prática ele é um Estado religioso, evidentemente católico, já que não vejo outros ícones religiosos recebendo essa deferência que os santos católicos recebem.

Enquanto não se separar o religioso do político sempre vamos ver lutas e brigas entre aqueles que acham que agindo assim estão seguindo os ditames de um deus.

De um modo ou de outro, todas as religiões falam de paz, amor, misericórdia e perdão, mas ao lidarem com outras religiões surge toda a sua face maligna, e matam em nome desse deus que defendem. Os muçulmanos, por exemplo, tem até uma palavra para isso, Jihad, que significa "guerra santa", que também é um termo auto-excludente.

A religião sempre serviu para propósitos políticos, e quando a religião vai para dentro do Estado então isso sempre significa um atraso de vida para o país. Surge toda uma mentalidade fanática, que impede o país de progredir. Eu desconheço algum país que tenha uma religião no poder político e que tenha progredido. Normalmente lugares assim se fecham, porque passam a achar que se permitirem influencias externas a "santidade" religiosa interna vai se "contaminar". E isso afugenta o turismo e os investimentos. Também é interessante observar como os Estados ditos religiosos costumam ser ditaduras, seja de forma explícita, seja de forma dissimulada, mas são sempre ditaduras.

Uma coisa é o país ter uma preferência por determinada religião (como é o caso do Brasil), e outra coisa bem diferente é o Estado se associar com uma religião e impô-la à população sob pena de prisão, torturas e até morte a quem discorde.

A religião e a política são duas energias vivas. Mas elas não devem, de forma alguma se misturar. A vida política de um país não pode ser regulada pela religião, assim como a religião não tem que ser controlada pelo Estado.

Enquanto isso não mudar vamos continuar assistindo situações como a do mau exemplo irlandês, a do Irã e a de vários países do Oriente Médio.

Um grande abraço a todos.

Vida e Vitória.

                      Mago Daniel

Escrito no Templo do Mago às 22 horas de 16 de Julho de 1999 a . D .

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