PALESTRA  8

Amigos, no Conversando com o Mago de hoje o tema é Da Responsabilidade do Magista.

 
Ao longo de várias conversas que tivemos eu tive a preocupação de lhes escrever que ninguém lida com a Magia impunemente, e isso é verdade.
Meu Mestre sempre dizia que quanto mais lhe tiver sido dado tanto mais lhe será cobrado e maior será a sua responsabilidade. Junto com o Poder e o Conhecimento vem a obediência a um Código de Ética, que impõe os limites e a responsabilidade.
Assim, existem muitas coisas que um Mago PODE fazer mas não DEVE fazer.
Há pessoas que aprendem a usar a Magia mas não reconhecem limites para seu uso. Essas pessoas terão um preço muito alto a pagar.  Nessa categoria está a Magia Negra, que é uma forma odiosa de uso mágico.
Existem aqueles que acham divertido fazer e ensinar a outros as formas de fazer magias que atentam contra o livre-arbítrio ou até as que deliberadamente visam o malefício contra determinada pessoa.  Essas pessoas jamais tem um final feliz.  Isso pode ser observado facilmente:  os magistas que fazem essas coisas sempre vivem em situação de penúria ou vão passar a essa situação logo.
Outra coisa que também deve ser observada:  a Magia não tem o objetivo de enriquecer ninguém.  Todo dinheiro obtido em nome da Magia não trará benefício a quem lançou mão disto.
A pior coisa que um magista pode fazer, contra ele mesmo e contra os outros, é patrocinar os chamados  "cursos de Magia" .  Nessa ânsia de fazer dinheiro banalizaram a magia, fazendo com que a Ars Excelsis fosse "vendida em módulos e apostilas" , como se fosse um curso de violão, para qualquer um que venha com dinheiro na mão.
Pior do que aquele que vende é aquele que compra. É como se fosse o receptador de objetos roubados, que é mais criminoso que o próprio ladrão :  se não houvesse quem comprasse esses  "cursos"  não haveria quem vendesse.
Não  há um caminho fácil na Magia :  depende de dedicação, de estudo, de vontade, de empenho e de muita auto-disciplina.  Ingênuos são todos aqueles que julgam ser possível ser um Mago, uma bruxa ou feiticeiro apenas em função de cursos, todos invariavelmente caros.
O magista se forma pela orientação de seu Mestre.  Aquele que vende um curso desses não é um Mestre, mestres não vendem nada a seus discípulos.  Todo vendilhão e explorador da fé tem que saber que o preço que terá de pagar é alto demais e não compensa.
E aquele que mesmo que não venda mas ensine a outros as maneiras de praticar a Magia Negra tem que saber que ele será responsável pelos atos mágicos dessa pessoa e terá que dividir com ela a responsabilidade pelas consequências do que for praticado usando o que foi ensinado.  É o mesmo que acontece com quem fornece uma arma a alguém que usa essa arma para praticar um crime: é co-autor e tem responsabilidade. Adiantará dizer :  "eu só emprestei a pistola, foi ele quem apertou o gatilho e matou aquelas pessoas, não tenho culpa pelo que ele fez"  ?  Na Magia acontece exatamente o mesmo.
É por esta razão que as Ordens iniciáticas sérias só reconhecem os magistas que pertençam a Ordens tradicionais ou que tenham sido formados com o acompanhamento de Mestres de formação considerada legítima :  é que esses magistas estarão comprometidos com o Código de Ética, não vão desencaminhar os Buscadores que cruzem seu caminho nem vão poluir o universo mágico com coisas detestáveis, como a proliferação de "magias simpáticas"  nem vão desvirtuar a Ars Excelsis.  Uma coisa é o magista publicar um livro explicando o que é a Magia ;  outra coisa é publicar um livro com a intenção de ensinar magias, encantamentos e feitiços aos profanos.  Profanos não tem que se envolver com a Magia.  Ela não é um passatempo nem uma brincadeira.
Algumas coisas passam por passatempo inocente mas são terríveis. Por exemplo, a chamada  "brincadeira do copo",  que nada mais é do que uma variante da Tábua Ouija.  Normalmente adolescentes que não tinham algo mais importante para fazer se reunem e fazem a tal brincadeira, se divertindo muito com as  "respostas" do copo.  O que não sabem é que abriram uma porta de comunicação com entidades do astral inferior, e uma vez aberta esta porta só pode ser fechada por uma magista que saiba como faze-lo.  As entidades chamadas não voltam para seu mundo depois que a brincadeira acaba. Na verdade, é aí que começa a brincadeira na qual quem brinca são essas entidades.
O magista, seja ele um Mago, bruxa, feiticeiro, etc., tem que ter em mente que suas ações são mais eficazes que as ações no plano físico e ele jamais deve se iludir com a idéia de que não  terá que responder pelos seus atos mágicos porque acha que são ações subjetivas. Na verdade elas são muito mais objetivas do que as do plano físico, que é apenas o plano mais denso.
Quanto maior for o seu Conhecimento maior será a sua responsabilidade, mas o fato de que você desconhece o dano mágico que está causando não lhe exime de responsabilidade, especialmente quando suas ações estiverem desviando os Buscadores ou estiverem visando ganhos materiais.  A Magia não se presta a proporcionar lucros, e ela vai tomar de volta tudo o que for obtido em seu nome. Invariavelmente.
Do magista se espera a observância ao Código de Ética, respeito para com a Magia .
Existe o Sagrado e existe o que é Profano.  As duas coisas podem se permear na medida em que uma não cause prejuízo à outra, mas jamais os profanos devem ser ensinados a usar a Magia para resolver seus problemas. O profano não terá maiores pudores em usar Magia para questões pessoais, e o magista que o ensinou será chamado a responder pelas consequências.  Um profano que é ensinado a usar Magia é tão perigoso quanto uma criança com uma metralhadora.
Existem coisas que tem que permanecer secretas.  Outras não tem razão de continuar sendo consideradas assim, mas em ambos os casos quem pode e deve decidir isto são os magistas autênticos, e não os pseudo-magistas, que, em última análise, estão apenas gerando karma, denegrindo a Magia e desviando os Buscadores de seu caminho mágico.
 
Um grande abraço.
Vida e Vitória.
                                                   Mago  Daniel
                                               Anno  IX  in  Solis  Traditio.
 

 Escrito no Templo do Mago às 18:00 hs. do dia 07 de Outubro de 1999  a.D.

 
 
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