O Samurai Espiritual aqui referido é o indivíduo que se
engajou na causa da sua evolução espiritual buscando a
EXCELÊNCIA, com toda
dedicação, seriedade e empenho. O termo "Samurai" foi usado
para aludir ao extraordinário poder de força de vontade que esses homens possuíam. Obviamente que se trata de algo que será obtido por um número
reduzidíssimo de pessoas e as referências que faço aqui são apenas a título de
explicação. No mais das vezes, as pessoas querem o caminho fast-food, com
pouco empenho, pouco envolvimento e resultados imediatos. Logo aprendem
que isso não existe, mas esse "logo" pode levar diversos anos.
Pretende-se chegar o mais próximo possível da excelência espiritual. Ocorre que,
antes de mais nada, a conditio sine qua non é o
Nosce Te Ipsum, o Conhece a Ti Mesmo. A
pessoa tem que ter clara noção sobre quem é, o que quer e saber se tem condições
de iniciar essa jornada, pois esse tipo de busca não é para aventureiros. A
regra básica, aquela que jamais deve ser perdida de vista é bastante clara e
direta : " Querer não é poder, e há distância entre
intenção e gesto."
Por analogia, consideremos um objeto chamado tripé. Você sabe o que é um
tripé ? É um apoio composto de três "pernas" sobre o qual se mantém
coisas como máquinas fotográficas e outros instrumentos. Qual seria o
"pé" mais importante de um tripé ? TODOS os três são
imprescindíveis, e qualquer um deles que seja removido fará com que o tripé
perca sua função e equilíbrio e portanto sua utilidade prática. Cada
"pé" tem sua importância e função pra manter o conjunto sendo, portanto,
indispensável. Consideremos agora um outro "tripé", composto por
VONTADE - FORÇA -
DETERMINAÇÃO. Esses três itens são o tripé que dá
sustentação ao objetivo que você quer atingir, de maneira que qualquer um que
seja removido faz com que a estrutura não se sustente.
Na nossa Ordem tratamos disso sob um enfoque a que chamamos de
Técnica F3, onde os 3 "F"
são :
F O C O | O foco aqui referido nada
mais é do que a determinação na busca do objetivo. Se não existe um
objetivo específico a ser alcançado você se perde entre vários alvos
possíveis e na verdade não atingirá a nenhum. Em suma, você tem que
estar muito certo sobre onde quer chegar, tem de ter clara noção
sobre o que quer realizar. Inclui não apenas a certeza do objetivo
mas também o desejo intenso de chegar lá.
|
F O R Ç A | A Força neste contexto
está na proporção direta do quanto você vai investir em você mesmo
no que se refere ao empenho, seriedade . Não basta ter o foco lhe
indicando onde quer ir : é preciso dispor da vontade para
perseguir esse objetivo, e nesse caso a Força estará diretamente
dependente de um outro fator, que é a Motivação, onde você precisa
explicar a você mesmo as razões pelas quais tem de atingir sua meta.
A Força precisa de razões para se manifestar, e não se disporá dela
se a motivação está baseada apenas em algum capricho, curiosidade ou
algo desse jaez. |
F É | A Fé é o item que vai pautar os outros dois. Fé é crença, e se eu não tenho fé em mim nem no objetivo, a coisa mais sensata a se fazer é nem se aventurar a começar nada. O Foco e a Força podem ser adquiridos e ser desenvolvidos mas a Fé é algo que em essência você tem ou então não tem, e não se deve perder de vista o fato de que se a pessoa não tem fé nela mesma, ninguém mais terá. |
Nos dias de hoje uma das coisas que mais se percebe é o
modo como as pessoas cultivam o seu aspecto físico : tudo é voltado para o
corpo, seja na forma de produtos de beleza, cosméticos, exercícios, enfeites,
etc., de maneira que apenas o aspecto físico do ser humano é posto em evidência
como se a contraparte material fosse a única que há na composição humana.
O aspecto espiritual, quando tratado, quase sempre é colocado na esfera das
supertições ou crendices, onde se dirá que meditação é apenas um orientalismo,
que religião é crendice e que espiritualidade é escapismo para pessoas
ingênuas que creem nesses "modismos". O resultado dessa forma de
pensar aí está : uma sociedade materialista e hedonista, toda voltada para
a satisfação dos sentidos e no culto à aparência, de maneira que o
SER é colocado em segundo plano enquanto que o
PARECER é que fica em evidência.
Obviamente que não estamos pregando aqui algo como um espiritualismo exacerbado
porque se isso ocorresse se estaria incorrendo no mesmo erro daqueles que optam
pelo extremo oposto. Aristóteles enfatizava muito a importância do caminho
do meio, um ponto equidistante de dois extremos, que ele chamava de ponto de
equilíbrio. Significa dizer que é tão errado eu ser um sujeito
extremamente personalista quanto é errado eu ser um visionário messiânico.
A melhor orientação que pode ser dada a você é que seja estabelecido um padrão
muito alto, uma meta muito levada a perseguir. Você estabelece que o
objetivo é atingir a excelência espiritual : a não ser que você possua uma
perseverança incrivelmente bem estabelecida, muito provavelmente você não
atingirá a excelência espiritual, mas na sua tentativa de atingi-la você avançou
bastante na direção dela. Ou seja, tentando a excelência você se
desenvolveu bastante nessa tentativa. Ora, se você estabelecer um
padrão baixo então ao mínimo sinal de avanço você já acha que pode parar porque,
afinal de contas, para quem não sabe onde quer ir qualquer caminho serve.
Creio ser oportuno enfatizar que espiritualidade não é sinônimo de
religiosidade, de maneira que você pode perfeitamente cultivar a sua
espiritualidade sem estar necessariamente vinculado a qualquer que seja a
religião. Dentre as principais práticas de cultivo da espiritualidade está a
Meditação, sem a qual, aliás, você não irá a lugar algum. Há um
capítulo que discorre sobe este tema.