A
noite é cruel para com os solitários,
com os corações que amam
e com os que não são mais amados...
com os que sentem a dor da ausência
e com aqueles que são desprezados.
O
dia vai embora e a noite vem
trazendo suas horas tal qual açoite
( é muito cruel a noite ! )
maltratando aqueles que não tem ninguém...
O ouro em prata se transforma,
do Supremo Alquimista obra divina !
Luz em manto noturno se torna,
o celeste fogo cessa, um branco luminar toma forma :
a noite cobre o céu, o dia termina !
A
dança das horas é cruel para com os apaixonados
e ainda mais cruel para com os não lembrados...
cruel com o coração que sonha e com o que chora,
o que sofre pelo que não teve, e o que sofre pelo que foi embora...
A esses a solidão noturna mantém amargurados.
O
vento da madrugada traz a fria solidão,
embala folhas secas e tristes pensamentos,
tantas lembranças de passados momentos,
aumentando o pesar do solitário coração.
-Ah,
invisível vento da madrugada
leva pra longe o meu tormento,
embala meu ser com teu suave alento...
( solidão é mesmo um açoite ! )
E tu, ó noite,
retira do meu peito a tua cruel espada !
Dança
das horas, as horas valsam
e dançam folhas no noturno vento,
não só horas e folhas dançam,
pois dança também meu pensamento !