Mal existe, é uma energia viva e atuante.
Esta é uma premissa da qual derivam todas as argumentações utilizadas neste
trabalho e é preciso ter essa consideração em mente.
O Mal é criação divina, como tudo o mais. Assim, é preciso que
fique claro que o Mal é uma emanação divina, portanto não é um poder
paralelo à parte. O mesmo se aplica ao Bem : também uma emanação divina,
não é independente, e pode-se dizer que o Bem e o Mal são os braços direito
e esquerdo do mesmo corpo.
Existe a definição lógica do Mal, que diz que ele é a antítese do
Bem. Embora bastante simplista essa explicação é válida, embora
careça de muitos complementos pois que a definição de Mal é muito complexa.
O problema é que o racionalismo humano, aliado à eterna pretensão de
dar respostas e explicações para tudo fez com que surgissem as
definições mais mirabolantes a respeito desse tema, de maneira que há desde
as explicações mais ingênuas até as mais prolixas, passando por aquelas que
são verdadeiramente dementes.
Desse modo se diz ingenuamente que o Mal foi feito para tentar aos homens, e se
diz também que o Mal é uma força rival de Deus, que é o Bem, de maneira que
ambos estão em uma luta que já dura muitos milhões de anos. O mito contido no
Livro de Jó é usado para reforçar essa tese.
Os conceitos de Bem e de Mal são criações da mente humana. Tais
conceitos foram criados para que o homem possa posicionar-se frente a essas duas
vertentes, mas são definições humanas.
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O que é o Mal, então ?
No FLAMMENS LITTERA ARGANTIA
MAGNA DOUTRINAE, no Livro das Doutrinas da
Cobra de Ferro está escrito : " Por
analogia, tome-se como exemplo uma balança a representar o Universo, e um dos
pratos é o Bem e o outro prato o Mal. Esse Universo tem de estar em
equilíbrio pela equiparação dos pratos, de maneira que um Universo regido
pela predominância de um dos dois seria inconcebível. Não é
impossível que ocasionalmente ocorra um leve desnível mas que tem de ser
imediatamente compensado pela contraparte. Mas considere-se que estamos tratando
de Macrocosmo, de modo que em escala cósmica esse
"imediatamente" pode significar milhões de anos, sem que com
isso a ordem do Universo seja perturbada."
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Agora vamos considerar a natureza do Mal e sua verificação na espécie humana.
O Poder Maior criou o Universo, que é o Macrocosmo. E em dado momento
criou o Homem, que é o Microcosmo. Então, da mesma forma que o Universo
está sujeito a um desnível na equiparação das Forças, isso também se
aplica ao Homem, que é o universo em escala reduzida e onde se aplica a máxima
de Hermes que diz que o que está embaixo é como o que está em cima. Assim, no
Microcosmo se verifica esse desnível, que nesse momento é favorável a essa Força definida como "o Mal". Desse modo podemos dizer que
o Homem é um ser mau, posto que em sua essência estão presentes as
duas Forças mas o Mal está presente de forma mais acentuada. Por isso
quase todas as filosofias de harmonização falam da necessidade de
equilíbrio do espírito humano : mesmo não sabendo verbalizar
corretamente, essas filosofias estão certas ao identificar que o problema da
natureza má do Homem está num desequilíbrio, de modo que aqueles que atingem
esse equilíbrio pleno se tornam unos com a Grande Essência e passam a ser
identificados como Avatares, Santos, Iluminados,etc., de acordo com a filosofia
que os classifica.
Não existe uma pessoa que seja essencialmente boa ou essencialmente má .
O que existe são pessoas que tem uma afinidade espiritual maior com
uma das duas Forças e através dela pautam seus procedimentos na
vida. Nem o Macro nem o Microcosmo poderiam existir com a predominância
total de uma das duas Forças.
Vivemos num mundo em que o apelo do Mal é muito grande e é bastante fácil
notar que aparentemente as pessoas más, as pessoas comprometidas com o Mal
encontram muitas facilidades e portas abertas, o que reforça ainda mais a
idéia de que este é um mundo regido pelo Mal. Percebe-se claramente que
as pessoas más são "protegidas" das mais diversas formas, e se vê
que essa proteção se estende desde o mau aluno, que é tratado de forma
especial, até os grandes criminosos, cobertos de facilidades, benesses
jurídicas, direitos, privilégios, regalias, proteção dos Direitos
Humanos e toda uma gama de procedimentos facilitadores que nos mostram que nosso
sistema legal é feito unicamente para proteger os direitos do criminoso.
Vemos julgamentos em que a vítima é só um nome citado nos autos do processo,
enquanto tudo ali está voltado para facilitar a situação do criminoso,
libertá-lo ou ao menos minimizar a sua situação ao máximo possível e é aí
que vemos gente sórdida condenada a 200 anos de prisão saindo de lá
depois de cumprir 15, por "bom comportamento". Por mais serial
killer que ele seja, por maiores que tenham sido as barbaridades
que tenha cometido, é impressionante observarmos que sempre surgem pessoas que
ficam com pena dele, advogados que vão defendê-lo de graça, o acham um coitado injustiçado, um excluído social
que merece clemência. Há casos de mulheres que se apaixonam pelo criminoso e
se casam com ele na prisão, mesmo sabendo que aquele monstro é um estuprador
que matava suas vítimas e as cortava em pedaços. Essas mulheres não são
doentes, elas estão respondendo a um impulso do Mal que estabelece uma espécie
de cumplicidade, uma empatia com o criminoso e disso surge o desejo de estar com
ele e protegê-lo, o que culmina num casamento com esse assassino.
A princípio, todos que nascem aqui são estimulados a aderir aos interesses do
Mal, mas aquelas almas mais evoluídas e que sabem que o caminho é o
equilíbrio renegam essa influência e lutam pela causa da Luz (por saberem que
reforçando a Luz diminuirão a influência das Trevas e com isso se
restabelecerá o equilíbrio), e se esforçam por levar iluminação às outras
almas. Mas veja, leitor, que o Mal se mobiliza e tenta repelir esses
emissários do Bem. Eu aludi a isso no meu poema iniciático
HOUVE
UMA VOZ UMA VEZ .
O segredo da Iluminação não está no combate ou na negação do Mal, e sim na
busca de um equilíbrio entre ele e o Bem.
Os conceitos de Summum Bonum e de Summum
Malun são meramente acadêmicos de modo que a predominância total de
um deles gera um desequilíbrio que torna inviáveis tanto o Macro quanto o
Micro.
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O Mal tem diferentes e variadas formas de manifestação, e a espécie humana
assimilou e adaptou-se a elas. Conforme anteriormente explicado, o
Ser Humano tem uma particulae male
a mais e nisso constitui-se um terreno fértil ao desenvolvimento das
tendências maléficas do Homem.
Com honrosas e raras exceções, o ser humano sempre tira proveito quando se
encontra em uma situação vantajosa em relação aos demais. Então, mesmo numa
posição em que seu dever seria proteger os demais ele usa suas prerrogativas
para fins pessoais, de maneira que usará seu poder para perseguições,
chantagens e outras coisas igualmente reprováveis. Usará o seu poder
para sobrepor-se aos seus desafetos, e isso sempre foi assim em todas as
épocas.
Essa pessoa em posição superior "ouve" duas vozes : uma
que lhe chama à razão e lhe diz para cumprir seu dever, e outra voz que lhe
diz para usar os recursos à sua disposição para fins pessoais.
Considerando a tendência humana é quase uma regra que a segunda voz seja a
mais ouvida. E foi assim que surgiu a corrupção, as perseguições,
etc., que são algumas das mais conhecidas manifestações do Mal. O exercício
da tirania é uma das suas faces mais comuns, em todos os níveis, o que vai
desde um pai sádico até um tirano no governo de um país.
Mas ao racionalismo humano não bastava reconhecer a existência e dar uma
definição ao Mal ; foi preciso dar-lhe uma forma, ou, uma personalidade.
Ao meu leitor parecerá um tanto exagerado o uso do termo
"personalidade" aplicado ao Mal, posto que, afinal, existe uma
controvérsia sobre se ele seria um adjetivo ou um sujeito, do ponto de vista da
linguagem. Mas então se torna necessário recorrer às raízes dessa
palavra, para vermos que personalidade vem de persona,
que significa máscara. Então, ao Mal
atribuiu-se uma espécie de máscara, um tipo de alter-ego que o
representaria. Houve a necessidade de "existir" uma
entidade que fosse a essência e o resumo do Mal, e foi aí que nasceu o Diabo.
A lógica humana sempre busca rotular tudo para facilitar sua orientação e no
caso de conceitos intangíveis como Deus, o Bem e o Mal isso foi ainda mais
além e atribuiu-se uma forma, de onde temos que Deus passou a ser representado
por aquele velho de barbas brancas, de túnica, sentado num trono, e aí Deus
passou a ser "o Bem". Já o Mal foi retratado no
Diabo, que geralmente é uma criatura muito feia, com chifres, rabo, cascos de
bode e imensas asas de morcego. De uma cultura para outra essa forma sofre
variações mas de um modo geral é assim.
Essas formas, tanto a de Deus como a do Diabo, estão no imaginário popular, a
que chamou-se de inconsciente coletivo. São arquétipos, já devidamente
assimilados nesse inconsciente coletivo.
Agora o Mal tem uma forma, então o inimigo foi identificado. Ocorre que isso
não é necessariamente verdade porque isso também facilitou o trabalho dos
servidores do Mal, que agora passaram a ter uma representação para adorar.
Como foi dito acima, como este é um mundo sujeito às influências do Mal, é
muito interessante observar o modo como parece que aqueles que são
comprometidos com o Mal costumam encontrar proteção e facilidades, e até
certo ponto isso é verdade na medida em que aquele que tem um comprometimento
com as forças maléficas instintivamente tem uma ligação simpática com
outras pessoas que também tem essas ligações e daí se pode dizer que os
malvados se protegem mutuamente.
Atualmente uma das principais ferramentas do Mal é o dinheiro, que é uma
energia viva e muito forte. E pelo poder financeiro o Mal corrompe e se
consolida porque dinheiro significa poder material e ocorre que os adeptos do
Mal são pessoas extremamente materialistas que visam atingir esse poder. E esse
poder lhes é dado para que possam dar prosseguimento à corrupção e
aliciamento de outros, e nisso se vêem homens que eram honestos sendo
corrompidos pelo poder financeiro e concordando em dar apoio e cobertura a
coisas deploráveis ainda que saibam que esse ato acarreta o prejuízo e morte
de outras tantas pessoas. Usam aquela máxima que diz que "quando
o dinheiro fala tudo se cala" , mas ficam visivelmente
embaraçadas e confusas quando se deparam com alguém que lhes demonstre não
estar sujeito à influência do poder financeiro. Sendo a única grande arma de
que dispõe para corromper, quando encontram alguém em que esta arma não
funciona ficam sem ação e não raras vezes se vêem obrigadas a usar de
expedientes violentos já que sua força se mostrou ineficaz. E os
malvados se protegem e se acobertam, existe um tipo de pacto ou
acordo tácito entre eles, mesmo inconscientemente. O malvado sempre se
solidariza com o outro malvado que se deu mal, ainda que seja um desconhecido.
Mas há uma exacerbação onde os comprometidos com as forças maléficas fazem
disso um sacerdócio, um tipo de religião, e aí surgiram as seitas. Nessa categoria, as seitas
satânicas são o ápice mas existem outras espécies de seitas que embora não
explicitamente dedicadas à adoração de divindades demoníacas lidam com
forças involutivas e delas se beneficiam. Muitos membros dessas seitas até
não sabem das implicações maléficas dos seus atos mas certamente seus
dirigentes o sabem, e esses sim são os verdadeiros mal-intencionados.
Apenas a título de ilustração citaremos as seitas onde a prática das
chamadas "magias simpáticas" são comuns e incentivadas :
ali as magias para dominar outras pessoas são coisa corriqueira e a elas se dá
eufemisticamente nomes como "magia para amarrar a pessoa amada" ,
o que equivale a dizer que trata-se do uso da Magia para escravizar alguém. E
diga-se de passagem que uma pessoa que precise recorrer a algum tipo de Magia
para que outra pessoa goste dela é uma pessoa digna de piedade pois que
certamente é uma pessoa com uma auto-estima muito baixa, um tipo de mendigo
espiritual que precisa mendigar o afeto da outra pessoa usando magia pois do
contrário seria solenemente ignorada já que não significa nada para essa
outra pessoa. Até pode se admitir que nem todos os membros saibam do real malefício que
estão fazendo quando usam essas "simpatias" mas com certeza os líderes sabem e incentivam, pois eles
sim são
gente comprometida com os interesses do Mal. Nesse tipo de seita o que
geralmente acontece é que os líderes são gente simplória, curtos de
idéias mas que sentem um irresistível impulso de propagar idéias involutivas
e incentivar práticas que sabem ser maléficas, sendo que isso muitas vezes se
deve muito mais à sua pouca evolução do que por um desejo consciente de
propagar a involução. Mas o mesmo não se pode dizer das seitas
abertamente satânicas, pois que essas operam com total ciência daquilo que
estão fazendo, e tanto os líderes como os membros sabem ser servidores do Mal,
e dele recebem vantagens que lhes satisfaçam o ego. Aqui, leitor,
guarde a palavra EGO porque ela é a chave do modus operandi do Mal
enquanto patrono dessas seitas.
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O Mal, em termos terrestres, é uma gigantesca Egrégora que envolve este
planeta, embora não tenha uma forma definida porque durante muitos milênios
muitas civilizações alimentaram a idéia da existência de um grande Agente
Maléfico mas cada cultura lhe atribuía uma forma, de modo que esse agente não
tem uma forma específica enquanto egrégora, mas tem todas as
"qualidades" que se espera que venham de um ser assim, ou seja,
essa egrégora não tem forma mas existe, e é extremamente poderosa. Mas
convém lembrar que o Bem também constituiu sua egrégora, posto também
tratar-se de uma força muito poderosa.
Mas é daí que nasce um equívoco para os praticantes dessas seitas de
adoração ao Demônio : eles realizam rituais que visam a
materialização do Demônio e ocorre que às vezes uma entidade demoníaca se
materializa lá, e isso os faz pensar tratar-se do próprio Demônio ("rei
dos infernos, príncipe das trevas" , dentre muitos outros adjetivos
pomposos ) . Mas o que se materializa ali é só a egrégora plasmada
por aquele grupo, e isso quando o grupo teve força suficiente para plasmar uma
egrégora, posto que há muitas e muitas dessas seitas que são só
agremiações de vadios perturbados e desocupados dementes que gostam de brincar
de satanistas.
Então aqui mostro ao leitor que não apenas existem pessoas realmente
comprometidas com os interesses do Mal como ainda lhe rendem culto religioso
fazendo desse culto um sacerdócio, o que equivale a dizer que comprometem até
a alma a serviço do Mal.
Mas especificamente essa espécie de adoração ao Mal através de um culto
satânico está totalmente alicerçada num equívoco. O Satanismo propriamente
dito não tem personalidade própria. Basta ver que toda a filosofia
do Satanismo está baseada no anti-Cristianismo, de maneira que se por alguma
razão o Cristianismo deixasse de existir o Satanismo ficaria sem ter o que
dizer ou fazer, já que é bastante óbvio observar que tudo ali é uma paródia
de conceitos cristãos, a começar pelo símbolo que o Satanismo adotou, que é
a cruz de cabeça pra baixo. A seguir há as missas negras, que são uma
cópia adaptada da missa católica, inclusive com as orações recitadas de
trás pra frente, sempre seguindo o fluxo contrário, para reafirmar seu
compromisso com a involução. E chega-se ao requinte de fazer uma
adaptação da Santíssima Trindade onde o Pai, o Filho
e o Espírito Santo passam a ser o Demônio,
o Anti-Cristo e o Falso
Profeta, constituindo-se na Diabólica Trindade. Isso sem mencionar o que
fizeram com a sagrada Guematria, onde inverteram tudo para dar justificativa
àquele ridículo 666 citado no Apocalipse.
Fiz essa referência às seitas satânicas meramente a título de ilustração e
para que se constate que as pessoas quando resolvem aderir e atender aos
chamados do Mal são capazes de qualquer coisa.
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Existe uma passagem bíblica que diz : "Não
te oponhas ao Mal." Nessa passagem há grande
sabedoria pois que de fato o Mal não deve ser combatido : é o Bem que
deve ser reforçado e com isso obter-se um equilíbrio. E mesmo
estando na Bíblia essa passagem foi ignorada até pelos clérigos que
incentivavam as guerras santas, as Cruzadas, a Inquisição e outras coisas
desse jaez, tudo com a intenção de oferecer combate ao Mal.
Muitas vezes é o próprio Mal que nos induz a combatê-lo pois que ele sabe que
esse desejo de combater faz aflorar o que há de pior na nossa natureza e aí,
em nome desse combate ao Mal, nós cometeremos atos nocivos e promoveremos
malefícios por toda parte, onde então nos tornamos exatamente aquilo que
combatemos. E possivelmente isso seja uma ação deliberada e planejada,
um modo de conquistar corações e mentes, nos induzindo e até, de certa forma,
nos obrigando a agir como ele para que sejamos seus iguais. Ele usa meios,
manipula situações e pessoas para que sejamos levados a tomar atitudes tão
reprováveis quanto as que foram praticadas em nosso prejuízo, fazendo então
com que tenhamos agido de forma igual a que até então condenamos. O
Mestre Dukhatt, da Ordem de Arganthus, estabeleceu o
preceito do "Abençoa e Passa"
. E na Bíblia consta que Cristo falava em não só não
responder à ofensa como oferecer a outra face se fossemos esbofeteados. E
Buda falava do erro de usar a maldade para responder à maldade. E
Gandhi falava da não-violência, enquanto o Tao Te Ching falava que o sábio
não cede à tentação de responder a uma agressão, e que a maldade, a
ira e as armas são ferramentas do medo, que o sábio despreza. Todas
essas fontes de sabedoria diferentes épocas aludiram à mesma coisa : não se
igualar ao Mal, não usar os mesmos recursos que ele, e ao invés disto
reforçar o Bem.
Mas para melhor explicar a natureza do Mal é preciso explicar um detalhe
: O Bem e o Mal existem independentemente de nós. Eles são
anteriores ao Homem, anteriores a este planeta. Eles vem do início de
tudo, portanto não devemos nos perder em elucubrações filosóficas que aludem
ao fato do Bem e do Mal só existirem porque fazem parte da nossa
natureza. Isso é um ledo engano.
Eles existem de forma independente, são dos primórdios da Criação. E
como fazemos parte da Criação nós temos dentro de nós os componentes das
duas Forças e, como está naquela passagem do Flammens Littera, houve na raça
humana um desnível de forma que o Mal passou a ter uma partícula a mais,
o que nos obriga a compensar isso para obter o equilíbrio. Muitos de nós não
conseguem compensar e ainda são seduzidos pelos apelos do Mal, que conhece a
natureza humana e fala em uma língua que só a alma compreende, e oferece aquilo
que sabe ser uma tentação. Os mais fracos vão aderindo, os mais ou
menos vão alternando e os realmente fortes buscam o esclarecimento e descobrem
ser uma armadilha, e então tratam de repelir esses apelos do Mal, de
maneira a poderem se dedicar a reforçar o Bem nas suas naturezas.
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O problema do Mal quanto à raça humana só será resolvido através do
Esclarecimento, que é a única forma pela qual se promove o Equilíbrio.
Sem isso todas as tentativas de lidar com essa questão serão meramente
paliativas.
É por esta razão que todas as Ordens sérias sempre se dedicaram a tornar
esclarecidos os seus Iniciados e não é por outra razão que esses Iniciados se
esforçam para despertar aqueles que os cercam. Aquele que desperta tem o
dever moral e espiritual de acordar aqueles que ainda dormem. O único
obstáculo tem sido o fato de que no mundo profano nem todas as pessoas que se
aproximam do Iniciado tem alcance para captar as coisas que ele ensina,
compreender o que ele diz e aplicar o que ele orienta. Oriundos de Ordens
seculares dedicadas ao crescimento espiritual do gênero humano esses Iniciados
são como embaixadores da espiritualidade, que são homens e mulheres capazes de
promover o crescimento interior de todos aqueles que tem olhos para ver e
ouvidos para ouvir. Infelizmente esses são muito poucos.
De um modo geral as pessoas ignoram que o teatro de operações do Mal é o
plano material que é controlado por ele. Aqui a palavra "material" é
apresentada na sua concepção mais grosseira, no sentido de coisa mundana,
futilidade e grosseira. Mas é com essas coisas mundanas, fúteis e
grosseiras que o Mal se insinua no Ego das pessoas que podem ser seduzidas por
tais ilusões. Buda dizia que o mundo é Maya,
ilusão, e Cristo alava sobre nos livrarmos dessas quinquilharias terrestres
para obtermos um tesouro no céu. Retirando daí o sentido religioso, o
que foi dito é muito certo, pois o apelo material é justamente a âncora que
nos mantém unidos a esse lugar em que o Mal governa através do apelo material.
Se odiarmos o Mal e seus servidores não seremos muito diferentes deles.
Alguém dirá que atualmente na Terra o Mal está em grande vantagem em
relação ao Bem mas isso é um equívoco. As pessoas acham que ele está
em situação dominante porque a todo momento ficamos sabendo de mais e
mais coisas pavorosas acontecendo. Na verdade ele não está em
total vantagem. O que ocorre é que na Era da Informação nós ficamos sabendo
das coisas muito mais rapidamente do que era em outros tempos quando as
notícias levavam algum tempo para ir de um lugar a outro e hoje sabemos de tudo
instantaneamente. Mas o Mal não deve ser subestimado : note,
leitor, que toda a vantagem que o Mal tem é apenas UMA partícula a mais na
nossa composição, e veja o que essa partícula a mais conseguiu fazer com a
espécie humana. Por isso essa Força jamais deve ser enfrentada diretamente
pois seria totalmente inútil fazê-lo. É só reforçando o Bem que o Mal é
combatido. E é por isso que as Ordens trabalham pelo Equilíbrio dentro de seus
Iniciados, que posteriormente propagarão isso a outras pessoas.
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